Tiago Barbosa
Pernambuco completa, hoje, um ano e dois meses sem registrar um ataque de tubarão. O período é o segundo maior desde que os incidentes começaram a ser contabilizados oficialmente - em junho de 1992 -, garante o Centro de Monitoramento de Incidentes com Tubarão (Cemit), que realizou ações preventivas durante o feriadão do final de semana passado. A maior trégua dada pelo animal, diz o órgão, foi o intervalo entre setembro de 2004 e abril de 2006. A última vítima computada no Estado foi um cadáver que surgiu boiando na praia do Paiva - na parte sul da Região Metropolitana do Recife - em julho do ano passado. Não se sabe ainda, contudo, em que faixa do litoral o corpo foi surpreendido pela espécie marítima.
A diminuição dos registros de ataques é fruto da conscientização crescente dos banhistas, sustenta o o presidente do Instituto Oceanário de Pernambuco, Alexandre Carvalho. Diz ele que as práticas educativas têm surtido efeito. Mas alerta que ainda não é hora de arrefecer. "A postura mudou, embora tenhamos um longo caminho pela frente. Temos que conseguir fazer de cada pessoa um multiplicador de orientações. É como a campanha para colocar o cinto de segurança. No começo, as pessoas não queriam. Hoje, é quase automático ao se entrar em um carro", observa. A maior incidência de ataques foi constatada num espaço de menos de 20 quilômetros situado entre o Pina e a igreja de Piedade - responde por 78% das 50 ocorrências.
O especialista adverte que, até o final de setembro, uma série de fatores ambientais sugere a manutenção da cautela antes de se tomar banho de mar. Explica que existe um canal adjacente à praia, com seis a oito metros de profundidade, que facilita o trânsito dos tubarões. A área sofre interferência da descarga do rio Jaboatão, cujo teor de água doce atrai espécies do tipo cabeça chata e tigre. São animais que não se incomodam, também, com os altos índices de poluição da água e, sendo assim, costumam passear próximo à praia. "A grande quantidade de chuvas torna a água mais doce e turva. Isso confunde os tubarões, que não sabem distinguir entre suas presas e os seres humanos", acrescenta Alexandre.
Para evitar a exposição aos animais, o especialista recomenda seguir alguns cuidados. Evitar entrar na água durante o amanhecer e ao cair da tarde, não se molhar quando tiver algum ferimento sangrando, não nadar sozinho nem quando estiver embriagado. "É preciso manter a guarda. Se, por um lado, o período chuvoso está acabando, vale alertar que o verão atrai uma maior quantidade de pessoas às praias, o que se torna outro fator de risco", diz Alexandre. O Cemit planeja ações de conscientização para implantar até o mês de maio do ano que vem.
(escrito para ser publicado na segunda, 10 de set)
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
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