sexta-feira, 20 de julho de 2007

VÔO TAM: Famílias ainda não têm notícias dos pernambucanos

Familiares dos dois pernambucanos que estavam no vôo JJ 3054 da empresa Tam ainda não dispõem de informações oficiais sobre o paradeiro e a identificação dos corpos dos parentes que sumiram em um acidente com a aeronave no aeroporto de Congonhas, em São Paulo , na noite da terça-feira. A lista de 186 pessoas que embarcaram no avião divulgada pela concessionária aérea contém o nome do empresário do ramo da construção Gilmar Tenório Rocha, de 49 anos, proprietário da empresa GC Tenório e da Comafal, e do administrador de empresas Arthur Queiroz Souto Maior, de 27 anos, funcionário da AES Uruguaiana, usina geradora de energia termelétrica. De acordo com o material da companhia de aviação, eles saíram de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e seguiam para Congonhas quando se envolveram no maior desastre aéreo do País.

Os parentes estão bastante abalados com o incidente e viajaram até São Paulo, onde esperam por novas informações. O comportamento de ambas as famílias tem sido o de tentar evitar comentar o assunto até que se tenha um posicionamento oficial sobre a situação das vítimas. A recomendação tem se estendido aos amigos. Os familiares de Arthur, que residem no Recife e em Aracaju, em Sergipe, segundo pessoas conhecidas deles, aguardam na casa onde o rapaz morava com a noiva. A mãe, Ana Maria, e a irmã, Maria Lúcia Queiroz, já estavam em São Paulo. A reportagem procurou Lúcia, mas ela disse que não estava em condições de falar com a imprensa.

O pai de Arthur, Euler, e o irmão gêmeo, André, foram levados para a cidade por um avião bancado pela empresa de trabalho do administrador. O assessor de imprensa da AES Uruguaiana, Theo de Souza, disse à Folha que o clima na companhia energética é de tristeza. “O acidente,em si, já abala. Embora a empresa seja grande, todos sentem a dor”, afirmou Theo. A AES é integrada por sete empresas e possui cerca de 6,5 mil funcionários. Formado pela Universidade de Pernambuco, Arthur atuava como analista da gerência de controle externo da multinacional. Apesar de a sede da empresa ficar no Rio Grande do Sul, ele estava lotado em um escritório em São Paulo. As viagens faziam parte da rotina.

O jovem deveria voltar para a casa na próxima sexta-feira. Mas, segundo uma ex-namorada, Camila Carneiro, ele abreviou a estadia na região gaúcha em função do aniversário da noiva, que completou anos no dia do acidente. Camila disse que conversou com Arthur pela Internet na segunda-feira, um dia antes do desastre com o avião da Tam. Um diálogo inesperado, segundo ela. “Fazia muito tempo que não nos falávamos. Mas ele me contou que estava muito feliz, realizado. Comentou até que estava satisfazendo o desejo de morar com a noiva antes de casar. Falava muito bem dela. Era um profissional espetacular, um filho perfeito, uma pessoa sincera, honesta, sem igual”, disse ela. Camila contou que, segundo amigos, a mãe de Arthur ficou em choque com o acidente. O irmão precisou de medicamentos para suportar a notícia. Um outro amigo da família foi procurado pela reportagem, mas preferiu não comentar o assunto a pedido dos parentes de Arthur.


EMPRESÁRIO

Apreensão, também, por parte da família do empresário Gilmar Tenório Rocha. Eles dividiam a moradia entre São Paulo e o Recife. Na capital pernambucana, residiam no décimo andar do edifício Carmel Park, 976, que fica em Casa Forte , bairro nobre da cidade. No endereço, ninguém. Apenas o porteiro falou pelo interfone com a imprensa. De acordo com ele, Gilmar e família costumavam freqüentar o apartamento esporadicamente. “Era uma pessoa que cumprimentava todos”, afirmou.

O advogado de Gilmar, Mario Gil Rodrigues, disse que conversou pessoalmente com o cliente há menos de dez dias. “Era um homem feliz, trabalhador, determinado”, afirmou. A GC Tenório Empreendimentos Imobiliários, da qual o empresário era sócio, existe há mais de trinta anos e diz ter construído mais de 2,3 mil unidades imobiliárias. Gilmar, segundo o advogado, era proprietário, também, da Comafal, uma empresa que trabalha com aço e tinha uma filial no Rio Grande do Sul, e do Atacado Express, que funciona no bairro de Afogados, no Recife. Foi justamente para visitar a empresa no estado gaúcho que ele viajou. O retorno, no entanto, foi trágico.

Gilmar chegou a ser preso, em 2005, pelos crimes de sonegação fiscal e estelionato. No Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, gerou polêmica ao construir casas dentro da unidade sob a alegação de que merecia alojamento especial. O advogado Mário Gil frisou que o cliente foi inocentado em vários processos e respondia a poucos em liberdade. Ele informou que parte da família embarcaria ainda ontem para São Paulo para se solidarizar com os parentes que já estavam no Sudeste.

Outro advogado de Gilmar, Rafael Carneiro, disse à reportagem que a família lhe pediu para que a imprensa não entrasse em contato antes de ter qualquer tipo de informação concreta. “Estão muito abalados. Vamos aguardar a fase de identificação e liberação dos corpos”, afirmou ele.

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