segunda-feira, 23 de julho de 2007

Policiais oficializam rejeição à proposta do governo

Todas as entidades que representam os policiais civis no Estado foram unânimes em rejeitar a proposta de reajuste salarial apresentada à categoria no último sábado. Reunião realizada, ontem pela manhã, no Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), em Santo Amaro, no Recife, serviu para formular uma contraproposta que atenda a reivindicações históricas da classe. Eles querem um tratamento diferenciado dos demais servidores públicos, a quem a administração estadual pretende contemplar com um aumento de 3,18% na remuneração.

Os policiais reafirmaram a necessidade de serem agraciados com um plano de cargos e carreiras e vencimentos (PCCV) que defina os critérios para promoção na profissão, a diminuição do déficit de pessoal - hoje avaliado em 10 mil pessoas - e a reposição das perdas financeiras provocadas pelo que dizem ser a falta de reajuste nos últimos anos (46% sobre o salário-base). A posição deve ser repassada ao Governo na próxima quarta-feira. A possibilidade de greve não está descartada. Mas ela só deve ser decidida depois de uma assembléia que foi marcada para o dia 1° de agosto com o propósito de verificar como os profissionais da investigação pretendem agir diante da resposta do Estado.

Para o presidente do Sinpol, Carlos Marinho, é um equívoco tratar policiais da mesma forma dos outros funcionários do Estado. "Temos uma carga horária deficitária, dedicação exclusiva por lei, além do caráter técnico-científico das nossas atividades. São atribuições muito específicas para serem jogadas na vala comum a todos os servidores", disse ele. Marinho afirmou que a categoria exige do Governo a elaboração do PCCV com data definida para ser enviado à Assembléia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e orçamento reservado para ser colocado em prática em 2008.

"O plano vai instituir a gratificação por desempenho e tempo de serviço. Permite, ainda, a progressão dentro da carreira. Temos policiais com 15 anos de profissão sem ser promovidos", se queixou. O comandante do Sinpol também pontuou que a pauta de reivindicação inclui a contratação de, pelo menos, 1,5 mil policiais inativos para dar conta de tarefas burocráticas dentro das delegacias. "Nosso déficit é de 10 mil homens. O Governo disse que contrataria novos policiais. Mas queremos saber qual será o calendário de ocupação dessas vagas", frisou. Participaram da reunião no Sinpol representantes dos comissários, escrivães, agentes, datiloscopistas, peritos e delegados.

ABSURDO


O menor salário entre os policiais civis é o do perito criminal, que recebe R$ 550. A presidente da associação que representa a categoria, Atanásia Prado, classificou o índice sugerido pelo Governo como "absurdo" e reclamou que ele ofereceria pouco impacto para a classe. "Nosso salário seria acrescido em R$ 23. Não acredito que o Governo tenha apenas R$ 106 milhões para atender aos servidores. O Estado está estabilizado, há verba", criticou.

Ela informou que os peritos querem que uma gratificação concedida pela Justiça - de R$ 185 - seja incorporada ao salário de forma escalonada. O presidente da Associação dos Delegados de Pernambuco, Antônio Cândido, vai além e diz que os policiais vão pedir que seja dado à Polícia Civil o mesmo tratamento dispensado à Polícia Federal. Ele quer a transformação dos cargos de nível médio em superior. E alertou: "A violência que vemos todos os dias no Estado é fruto dessa defasagem salarial".

Por meio de uma nota enviada à imprensa, a Secretaria de Administração (SAD) disse que o Governo está disposto a receber contrapropostas, “desde que seja respeitado o limite já divulgado de R$ 106 milhões para gastos com despesa de pessoal, conforme acordo firmado no Programa de Ajuste Fiscal”. O texto cita que, durante as negociações com a categoria, a SAD propôs um reajuste de 5% a 10%, equivalente ao cumprimento das promoções, além de um reajuste linear de 3,18%. O comunicado também salienta que o Governo ofereceu aumento de 20% no vale refeição e desconto escalonado para vale transporte.

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