quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Polícia pode demitir PM suspeito de assassinato

Tiago Barbosa

O comandante-geral da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE), coronel Iturbson Agostinho, deu início ao processo de licenciamento para demitir sumariamente da corporação o soldado André Luiz Rodrigues de Souza, lotado no destacamento do 2º Batalhão da PM de Tejucupapo, na cidade de Goiana, Litoral Norte do Estado. O militar é suspeito de assassinar com um tiro o estudante Verivaldo Adolfo da Silva Filho, de 16 anos, na noite da última terça-feira, na praia de Pontas de Pedra. O afastamento do efetivo ocorrerá se for provado que ele teve culpa no episódio. A decisão foi tomada antes mesmo de o inquérito instaurado para apurar o caso apontá-lo como responsável proposital pelo disparo da bala que matou o adolescente.

A informação foi divulgada pelo assessor de comunicação da PM, major Martins Júnior. Justifica ele que a medida se fez necessária por causa da conduta do policial, que teria deixado o local em que o garoto foi atingido sem prestar socorro. "Essa não é a atitude de um policial", salienta Martins. O procedimento adotado em desfavor de policiais com menos de dez anos de serviço deve ser concluído em até 30 dias.

O PM André está foragido. Se for encontrado, será preso administrativamente por até 72 horas. As últimas informações levantadas pela polícia, afirma Martins Júnior, dizem que ele compareceu ao destacamento na noite em que o menino faleceu e descarregou a arma que portava durante o trabalho. O processo é de praxe. O policial, continua Martins, tinha ido até o centro da cidade para comprar o jantar quando cruzou o caminho do adolescente Verivaldo.

A partir daí, as suposições contam a história. A morte do garoto está encoberta por duas versões. Uma delas é contada pela família. Deixado na praia por seu padrasto, o forneiro Paulo Sérgio Pereira Brasil, o menino montou numa moto e começou a circular pela praia, apesar de não possuir carteira de habilitação. "Eu fui trabalhar e pedi que ele me aguardasse, pois voltaria logo para jogarmos futebol. Ainda nos falamos por telefone, cerca de vinte minutos antes de eu retornar. Soubemos que ele bateu a moto na do policial antes de ser morto", contou.

Mãe do adolescente, a pensionista Alexandra Rabelo de Souza reproduziu o depoimento de testemunhas e afirmou que o policial teria atirado contra o adolescente depois de desconfiar de sua atitude. "Uma senhora nos disse que meu filho passou duas vezes pela mesma rua. O policial deve ter achado estranho, abordou-o e atirou nele após Verivaldo cair da moto", afirmou ela. Houve quem dissesse, segundo a mãe, que o tiro teria sido acidental. Mas a mulher não acredita. "Como um tiro acidental entra pela clavícula e chega ao coração?", questionou. O PM, prossegue, teria abandonado o seu filho. Alexandra avalia a possibilidade de prestar queixa na Corregedoria de Defesa Social. "Estou com medo de represálias", pontuou.

O major Martins confirmou a abordagem do militar, mas não soube explicar se ele agiu irregularmente. Buscas foram feitas na cidade do PM, em Goiana. Até o fechamento desta edição, o soldado não tinha sido encontrado

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