terça-feira, 14 de agosto de 2007

Produtor de banda é acusado de planejar homicídio

Tiago Barbosa

A polícia apresentou, ontem pela manhã, na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Espinheiro, no Recife, o produtor musical Nelson Oliveira da Silva, de 52 anos, acusado de planejar o assassinato da ex-mulher, a dona de casa Andréa Patrícia dos Santos, de 33 anos. As investigações mostraram que o crime foi cometido em fevereiro deste ano pelo filho dele, Nelson Oliveira Júnior, em frente aos três filhos da vítima, de oito, dez e 15 anos.

O pai teria ordenado o assassinato depois de discutir com a companheira por conta da venda da casa que pertencia a ela, na rua Aquiles, Ibura, Recife. Ele queria o dinheiro para saldar dívidas, mas ela se recusava a se desfazer do imóvel. Nelson Silva - que agenciava bandas como Só Brega e Chama do Brega - tinha um mandado de prisão expedido em desfavor dele pelo Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.

O DHPP conseguiu a quebra do sigilo telefônico do produtor e passou a monitorar seus passos. O advogado dele, contudo, teria descoberto e orientado o cliente a se livrar dos chips. A partir disso, a polícia adotou outra tática: forjar o interesse pela compra da propriedade em que Nelson mantinha uma relação extra-conjugal com Andréa. Casado com outra mulher, ele havia colocado uma placa na propriedade para vendê-la. A prisão foi feita na última sexta-feira, quando um agente do DHPP se passou por um comprador.

O delegado Gilmar Rodrigues disse que Nelson decidiu encomendar a morte da mulher depois de uma discussão travada entre os dois por causa do imóvel. "Ele a jurou de mortena briga. Quando encontrou o filho, contou o que havia ocorrido. Nelson Jr. foi à casa dela e a chamou para o lado de fora. Ela apareceu e ele disparou uma vez. Assim que a mulher caiu, mais cinco tiros foram efetuados. Os filhos de Andréa, que assistiam à cena, imploraram, mas ele não cedeu", afirmou. Nelson Jr. está foragido. O pai foi enquadrado no artigo 29 do Código Penal Brasileiro, por participar do crime.

O inquérito também revelou que Nelson Silva cometeu crime contra a administração federal. Ele teria usado o cartão do bolsa-família de Andréa nos dois meses seguintes à morte dela. O banco descobriu a fraude e comunicou ao DHPP. As informações serão repassadas à Polícia Federal (PF), que vai investigá-las. O cartão foi encontrado na carteira de Nelson, junto com identidade de Andréa e uma foto dela nua. As ligações intermediadas pela polícia mostraram, ainda, que Nelson dava "calote" nas bandas e empresários com quem trabalhava.

Nelson Silva negou as acusações policiais. "Eu nunca faria mal a uma pessoa que amo. A gente discutia, mas não sei quem a matou. Meu filho disse que não foi ele", assegurou. A tia que criou Andréa, Neide Maria Barros Santos, de 50 anos, disse que se sentia parcialmente aliviada. "O outro criminoso ainda está solto", alertou.

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