Tiago Barbosa
Mariana Soares
A Corregedoria da Secretaria de Defesa Social vai abrir um processo para investigar a possibilidade de policiais civis - incluindo um delegado - terem agido com o propósito de evitar a prisão de Aloísio Sandro de Lima, conhecido como Sandro Rico, de 28 anos, apontado como um dos líderes do grupo de extermínio que se intitula Thundercats. Detido na última sexta-feira por agentes do Departamento de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP), ele teria citado o nome de policiais envolvidos com o bando e o valor disponibilizado a eles para continuar foragido.
As declarações foram dadas na sede da Corregedoria, diante de dois promotores e de uma delegada designada pelo novo corregedor, Raymundo José Araújo Silvany, empossado no cargo ontem. Parte do que Sandro Rico contou estaria gravada, garantiu Raymundo, que preferiu manter sob sigilo as identidades dos suspeitos para não atrapalhar o rumo das investigações. O caso será acompanhado de perto por três promotores que já trabalham em parceria com a polícia no levantamento das ações dos Thundercats. A assessoria do Ministério Público informou que o trio não dará declarações à imprensa enquanto durar a apuração.
A defesa de Sandro Rico negou o teor do depoimento. "Isso foi inventado. Não sei de nada disso. Acompanhei todo o relato e sei que isso não aconteceu", refutou o advogado José David Gil Rodrigues Filho. "As acusações feitas contra meu cliente são infundadas, tanto que um dos quatro mandados de prisão preventiva expedidos contra ele foi revogado. Trata-se de um comerciante, um empresário decente", acrescentou José David.
Sandro Rico vinha sendo procurado pela Justiça há mais de cinco meses. Era tido pela polícia como um dos líderes do grupo de extermínio e o homem que disponibilizaria os recursos financeiros para viabilizar as investidas criminosas. Ele foi apresentado à imprensa, ontem, na sede do DHPP, no Espinheiro, em companhia de Everaldo de Souza, chamado de Mago, de 28 anos, também apontado pela polícia como integrante dos Thundercats. Sandro Rico negou qualquer tipo de envolvimento com a quadrilha, mas admitiu ter conhecimento de denúncias dirigidas ao Ministério Público e à Corregedoria sobre a conivência de delegados e policiais com as ações do bando. "Eu não faço parte dos Thundercats. Mas sei que a denúncia é contra um delegado e os policiais civis que trabalham com ele, que libertaram muita gente em troca de dinheiro", declarou.
A Polícia garante que os dois fazem parte da quadrilha especializada em cometer crimes nas mediações do bairro de Jardim São Paulo, no Recife. "O Everaldo estava no rol de pessoas que assassinaram uma mulher, no início deste ano, porque ela teria denunciado o bando à polícia. Sandro é realmente conhecido como o dono do dinheiro que, muitas vezes, era utilizado pelos exterminadores nos ataques", disse o gestor do DHPP, Joel Venâncio. A dupla foi presa, na última sexta-feira, na Estãncia, no Recife, depois de uma denúncia de um informante da polícia. Ambos ocupavam uma Fiorino Branca e levavam uma mulher em trabalho de parto para uma maternidade.
escrita para publicação no dia 28 de agosto
terça-feira, 28 de agosto de 2007
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