Tiago Barbosa
O Governo do Estado voltou a apostar em um profissional de carreira da Polícia Federal para ficar à frente de um setor estratégico da Secretaria de Defesa Social (SDS). O delegado baiano Raymundo José Araújo Silvany, ex-chefe do Núcleo de Inteligência da Superintendência da PF na Paraíba, assumiu o cargo de corregedor da SDS ontem, em solenidade no auditório do Banco Central, na Rua da Aurora, no Recife. Ele tem 29 anos de experiência na polícia da União e foi indicado pessoalmente pelo secretário de Defesa Social, Romero Meneses, de quem é amigo e ex-companheiro de trabalho na PF. Chegou ao Recife há mais de 15 dias, para conhecer a estrutura do órgão de que se tornou comandante.
Recém-empossado, Raymundo disse que a prioridade da sua atuação será intensificar o controle junto aos inquéritos policiais. Revelou que pretende fazer com que os funcionários da corregedoria façam, por regiões do Estado, o acompanhamento das investigações dentro das próprias delegacias. “Vamos dar preferência às correições, criar estruturas para que a verificação seja feita nos distritos policiais.”, afirmou. Ele mandou um recado aos delegados que descumprem as determinações do Ministério Público: “Temos inquéritos com pedidos do MP não atendidos. Aqueles delegados que não acatam vão ter que se adequar. A correição vai observar isso”.
O corregedor frisou que avalia o quadro de servidores para dar conta da empreitada, mas adiantou que irá solicitar ao secretário Romero Meneses a ampliação de pessoal caso ela seja necessária. “Sei que temos déficit. Hoje são 154 pessoas. Precisamos ver, porém, se há uma má distribuição”, avisou. Ele também adiantou que irá promover capacitações com especialistas para obter sucesso nas fiscalizações. A idéia é incutir no trabalho das Polícias Civil e Militar a filosofia que, segundo ele, predomina na PF: “Na federal, a corregedoria está sempre presente, desde a academia. O policial sabe que a liberdade dele é vigiada”, explicou.
Raymundo também divulgou que almeja tornar mais rigorosa e rápida a punição dos policiais que se desviarem da função e tiverem envolvimento com a criminalidade. E se mostrou disposto a endurecer para dar o exemplo: “Se soubermos de algo, vamos afastar imediatamente. Temos que apurar os fatos em tempo real. Se não mostrarmos na hora certa, o policial vai achar que está impune.”, disse. Ele criticou o acúmulo de pendências na corregedoria, que estaria com mais de quatro mil procedimentos em aberto, e o número de processos de disciplina sobrestados – aguardando um desfecho jurídico para decidir o futuro do policial investigado. São 277, ao todo. “Vou rever o ato de sobrestamento, um por um. Muitos são de crimes graves. Vou dar andamento a eles”, assegurou. Raymundo disse, ainda, que vai criar um núcleo de inteligência na corregedoria.
O secretário Romero Meneses justificou a escolha por um policial fora dos quadros das polícias pernambucanas. “É bom que seja alguém neutro, para se sentir mais à vontade para tomar decisões”, disse. O secretário reiterou que a predominância das atenções será sobre o acompanhamento dos inquéritos e a severidade no trato com o policial que descumprir a função. Ele também demonstrou pressa. “Essa história de esperar trânsito em julgado – conclusão do processo – é para a área criminal. Se demonstrar conduta equivocada, será afastado”, falou. Meneses anunciou, ainda, que colocará mais gente na corregedoria se for necessário e que, até dezembro, a corregedoria funcionará em prédio único. Hoje, atua em dois.
escrita para ser publicada em 28 de agosto
terça-feira, 28 de agosto de 2007
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